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Pecuária de Cria – Um Novo Momento

By 29 de outubro de 2020 No Comments

          O ano de 2020 ainda está em curso, no entanto, mesmo antes do seu final, já podemos afirmar que a valorização das commodities primárias ocorrida até o momento, certamente terá destaque nas séries históricas de preços. Na pecuária não é diferente. O boi gordo CEPEA já aponta valorização de mais de 35% desde o início deste ano. Podemos apontar alguns motivos:

          – Forte valorização do dólar: A valorização do dólar frente ao real já está ao redor de 40% em 2020 (de 02 de janeiro a 20 de outubro). Uma valorização deste nível tem gerado impactos importantes no mercado brasileiro de carne bovina que tende a aumentar a fatia de exportação em relação ao mercado interno.

          – Redução da oferta e aumento da demanda global: Nossa carne também ficou globalmente mais atrativa. Problemas como a redução das exportações australianas que ainda se encontra com o menor rebanho de sua história após fortes períodos de estiagem e também do aumento da demanda por carne bovina em substituição a carne suína após o início da ocorrência da peste suína em meados de 2019 principalmente na China.

          Fatores como estes fazem aumentar também o preço da reposição, estimulando o investimento na fase de cria e por consequência a retenção de matrizes.

          Quem trabalha com pecuária de corte e seu mercado está acostumado aos famosos “ciclos pecuários”, movimentos de maior investimento em produção ou reprodução orquestrados pela oferta e pela demanda. Na prática estes movimentos são observados pelo aumento do abate ou retenção de fêmeas. Estes ciclos vêm diminuindo seu intervalo de ocorrência ao longo do tempo, acompanhando também o próprio aumento de velocidade da produção pecuária que hoje está ao redor dos 3 anos (eram 5 anos quando estudamos os ciclos pecuários na faculdade no final da década de 90). Estes movimentos não existem apenas na pecuária. A produção de suínos e aves também responde ao mercado e as perspectivas de futuro retendo ou alojando mais ou menos animais.

          Então vamos a questão principal: Estamos diante de uma virada de ciclo pecuário? Estamos diante de um momento adequado para investir no aumento do volume de vacas prenhes?

          Em nossa modesta análise podemos afirmar que sim! Pois estão presentes bons indicadores a respeito da comercialização no futuro. Até os mais pessimistas tem dificuldade em vislumbrar um movimento futuro de desvalorização da pecuária. No entanto, nem tudo são flores! É necessário observar também o aumento dos principais insumos como suplementos nutricionais, fertilizantes e etc. (vamos abordar este tema na próxima oportunidade). Com isto, é necessário entender que toda esta valorização da pecuária não significa incremento de margens na mesma proporção.

          Quando olhamos para a pecuária do sul do Brasil, acreditamos que ainda existe margem para valorização no curto prazo, pois ainda estamos trabalhando abaixo dos valores de boi gordo e de reposição, quando comparamos com os valores praticados atualmente no Brasil central. Outro fator importante é que a exportação de bovinos vivos vem se intensificando ano após ano e em 2020 também se observa um grande movimento de saída de animais para o centro do país e com isto, reduzindo a oferta de animais em nosso mercado.

          Diante do exposto, acreditamos que investir no aumento de produção de terneiros, não somente através da retenção de matrizes, mas também com aumento dos índices reprodutivos das fêmeas já existentes, de maneira objetiva e com os “pés no chão”, deve trazer resultados consistentes considerando um novo momento ou, melhor dizendo, um novo patamar de preços para a nossa pecuária.

Carolina Balbé de Oliveira de Souza

Revista PecuariaSul – 29.10.2020

 

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