Mercado

Para onde foi o navio?

By 12 de setembro de 2021 No Comments

Os últimos anos foram marcados por intensas transformações na pecuária brasileira. Disparada da cotação do dólar frente ao real, supervalorização das commodities primárias – com destaque para o boi gordo, aumento das exportações brasileiras, pandemia e etc., enfim, todos os ingredientes necessários para que o mais bem informado dos pecuaristas tenha dúvidas sobre o andamento do mercado em que está inserido. Estas dúvidas, obviamente se multiplicam quando falamos sobre o tema das exportações de bovinos vivos.

Fazem quase 20 anos que o pecuarista brasileiro ouve falar sobre a exportação de bovinos vivos, no entanto, a maior parte dos negócios realizados sempre teve o estado do Pará como ponto de partida, seguido a longa distância pelo estado do Rio Grande do Sul e por São Paulo. (Gráfico 1)

Nos últimos cinco anos vivemos um aquecimento deste mercado e verificamos um aumento significativo do volume de animais embarcados, conforme exposto no gráfico 2, além da distribuição do volume embarcado no RS frente aos demais estados brasileiros.

O incremento deste negócio, tanto em volume quanto em valores, fez com que esta opção passasse a fazer parte da rotina do pecuarista do Rio Grande do Sul. Foram instalados alguns pontos de adaptação e estoque destes bovinos, chamados de EPE (estabelecimento pré-embarque) que se mantiveram movimentados nestes últimos anos.

No entanto, no ano de 2021, a exportação de animais vivos tem se mantido praticamente inoperante, registrando apenas 23.258 animais embarcados através dos portos de Belém-PA e de São Sebastião-SP. Isto significa dizer que nada foi comercializado no RS para este fim no primeiro semestre.

A comercialização de bovinos vivos para exportação é sem dúvida, uma excelente oportunidade de negócio para o pecuarista, pois normalmente paga um preço superior em relação ao praticado no mercado interno, além de ser mais uma opção de negócio no sentido de incremento de demanda e consequente valorização.

Contudo, esta opção de negócio tem suas exigências específicas, sendo que o foco são os machos de 0-12 meses, mochos, inteiros e acima dos 250 Kg de peso vivo. Por estes motivos, muitos pecuaristas mudaram seu manejo, optando por não castrar, pelo menos até que fosse necessário evoluir a idade dos animais na ficha da inspetoria, formando assim, um grande volume de animais inteiros com até um ano e meio de idade (animais que nasceram no início do ano e foram evoluídos no final do prazo da inspetoria). Nestes casos, é importante estarmos atentos ao fato de que a castração tardia dos animais (quando o navio não aparece), tende a ser mais onerosa ao desempenho dos mesmos. Salientamos aqui, mais uma vez, sobre a importância de estarmos ligados as perspectivas do mercado para adequarmos nosso manejo da maneira melhor maneira possível.

Bons Negócios! Juntos somos mais PecuariaSul!

Dados: Siscomex – Sistema Integrado de Comércio Exterior – Governo Federal.

Texto e Gráficos: Equipe PecuariaSul – Agosto/21

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