
Quando fazemos a avaliação de um determinado suplemento para a alimentação de bovinos levamos em conta uma série de fatores importantes como o tipo e o custo do suplemento, os níveis adequados de nutrientes, o manejo e a estrutura necessários, a base forrageira existente, assim como o consumo médio diário esperado deste suplemento. O consumo ou a ingestão de um suplemento é parte fundamental da estratégia de suplementação, pois o mesmo só trará o resultado esperado se ingerido pelos animais na quantidade adequada.
Na pecuária de corte, medir o consumo individual de um alimento é tarefa extremamente difícil, principalmente quando se trata de suplementos de baixa ingestão diária, como por exemplo, os suplementos minerais. Neste caso, o que notamos em nível de campo é a utilização da média de consumo, obtida através da divisão do volume de produto abastecido no cocho pelo número de dias desde o último abastecimento e pelo número de animais presentes nesta determinada área. Porém, em um grupo de animais, geralmente existem aqueles que são ávidos pelo suplemento e aqueles que sequer passam pelo cocho de suplementação, ocasionando grandes diferenças de consumo entre os indivíduos, ou seja, existem aqueles que consomem muito além da indicação, excretando em seguida os nutrientes ingeridos em excesso e aqueles animais que simplesmente não usufruem dos benefícios da suplementação mineral, sofrendo, por exemplo, uma significativa piora na conversão alimentar.
A composição de um suplemento, seja ele mineral, proteico e/ou energético, deve ser avaliada de maneira especial quando se busca melhorar a homogeneidade de consumo. O nível de sódio no suplemento está diretamente relacionado ao estímulo do consumo, no entanto, também tem a capacidade de limitar o consumo deste suplemento quando administrado em altos níveis. Porém, existem indivíduos que são mais ou menos ávidos e/ou tolerantes a este único elemento. Por isto, sobre a ótica da homogeneidade do consumo, é importante que se tenha outros elementos que estimulem os animais a consumir o suplemento, como o melaço por exemplo. Neste caso, outro elemento palatabilizante é inserido no sentido de abranger uma gama maior de animais em função de suas preferências individuais. Quando se trata de suplementos com inclusão de grãos, os mesmos também podem servir como palatabilizante, como é o caso do farelo de trigo e outros. Teoricamente, quanto maior a gama de ingredientes de maior palatabilidade em um determinado suplemento, maior é a probabilidade de que mais animais sejam atraídos até o cocho em busca deste suplemento. Neste momento o sódio se faz mais uma vez importante em sua função como limitador de consumo, para que a ingestão deste suplemento fique dentro da faixa indicada.
O manejo adequado da suplementação é outro aspecto importante para que se chegue a um nível adequado de ingestão e de maneira mais homogênea. O espaço linear do cocho por cabeça varia conforme o tipo de suplemento (mineral, proteico, energético) e deve ser seguido conforme a indicação técnica para minimizar a dominância que determinados animais exercem sobre os demais e acabam por evitar a aproximação dos animais dominados quando é insuficiente o espaço no cocho. Ainda sobre os cochos, não podemos deixar de mencionar aspectos como a localização (perto da água e em local de fácil acesso) e a cobertura dos mesmos, pois mesmo quando trabalhamos com misturas apenas de minerais a cobertura do cocho ajuda a manter a qualidade do suplemento por muito mais tempo. A frequência de reposição do suplemento, além de garantir a qualidade do mesmo, também ajuda a garantir a homogeneidade do consumo entre os animais, principalmente quando garantimos que nunca falte suplemento no cocho.
A oferta e a qualidade do pasto são os mais importantes aspectos que interferem no consumo de um suplemento e por vezes, em nível de campo, esta informação é pouco considerada. O volume adequado de matéria seca ofertada por animal exerce efeito de estímulo ao consumo dos nutrientes faltantes a dieta principal, onde podemos dizer que animais que consomem bem o suplemento estão consumindo bem a forragem disponível e vice-versa.
Quando falamos em consumo ou ingestão de determinado suplemento devemos sempre ter em mente que estamos trabalhando com um componente da dieta que tem função complementar, ou seja, deve oferecer ao animal aqueles nutrientes que ele não está encontrando na dieta principal e por isto depende dela. Também devemos lembrar que o consumo é um fator de inferência biológica e no caso dos bovinos, com o agravante de que não se pode controlar (na atividade comercial) os efeitos do clima e do ambiente e por isto, saber estimar os desvios no consumo também é extremamente importante.
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