Estamos em plena época de desmame, época esta que se torna cada vez mais elástica com os diferentes tipos de manejo adotados em nossa PecuariaSul. Todos eles com diferentes razões e consequências, tanto para a vaca quanto para o terneiro.
O desmame é uma das etapas fundamentais dentro dos sistemas de cria e muitas vezes não recebe a atenção merecida, colocando em risco os resultados obtidos antes desta etapa assim como o desempenho pós-desmame de vacas e terneiros.
Entende-se por desmame a separação definitiva da vaca da sua progênie ou paralisação do aleitamento. A determinação do momento certo para a realização do desmame, assim como a obtenção de êxito neste manejo, depende de diversos fatores, tais como: quantidade e qualidade dos alimentos disponíveis, peso e condição corporal da vaca, época de parição, produção de leite, peso do terneiro, instalações e subdivisão de pastos e mão de obra qualificada.
Para facilitar o entendimento deste tema e uniformizar os conceitos técnicos, descrevemos abaixo os tipos de desmame de acordo com a idade do terneiro. Reiteramos que esta é uma classificação arbitrária, pois existem várias convenções a esse respeito na literatura. No entanto, precisamos de algo que nos ajude na discutição deste assunto.
Desmame Superprecoce – 40 dias de idade média;
Desmame Precoce – 90 dias de idade média;
Desmame Antecipado – 120 a 150 dias de idade média;
Desmame Convencional – 7 meses de idade média.
Ao planejar o manejo do desmame o produtor e/ou o técnico responsável precisa ter convicção de seus objetivos. É necessário entender que quanto mais antecipamos o desmame, maior o investimento necessário com dieta de qualidade, para manter o desenvolvimento dos terneiros num padrão satisfatório. Porém, quanto mais precoce o desmame, em tese, maior o resultado na repetição de prenhez. Este é o principal efeito de desmames precoces e de longe o manejo mais impactante no aumento da repetição de cria.
O desmame é uma das etapas mais estressantes na vida do animal e o ponto fundamental deste manejo, tão estudado por especialistas, baseia-se no que fazer para mitigar este estresse, tanto para a vaca quanto para o terneiro.
De Olho na Vaca – Devemos tentar entender o comportamento natural da vaca e fazer todo o possível para que a mesma se adapte a ausência do terneiro no menor prazo possível. Isto fará com que ela volte a se alimentar e beber água normalmente para recuperar seu estado o mais rápido possível. O estresse na vaca tem seu lado importante, pois parte deste estresse é gerado pelo desconforto da interrupção da lactação. O não esgotamento do úbere desencadeia um processo hormonal que estimula a rápida a retomada do processo reprodutivo com a ocorrência de cio. O temperamento das vacas inerente a sua genética e ao seu manejo também exerce uma importante influência no “tamanho deste estresse”.
O Manejo do Terneiro – São inúmeros os protocolos de desmame quando analisamos sobre a perspectiva do terneiro. Nos referimos a protocolos nutricionais, sanitários e de bem-estar que podem fazer com que um terneiro desmamado com 40 ou 50 quilos chegue aos sete meses (idade de desmame convencional) com ganhos de peso iguais ou superiores ao de terneiros desta idade que permaneceram ao pé de vacas bem alimentadas.
O sucesso desta etapa também depende, assim como na vaca, de mitigar ao máximo o estresse gerado no momento do desmame. No caso dos terneiros, além da separação da mãe, existe o estresse de adaptação a uma nova dieta e a um novo ambiente.
É necessário entender que quanto menor a idade média dos animais, maior deve ser o esforço no que se refere a parte nutricional. Consideramos chave para a realização de desmame precoce e superprecoce a utilização de altos níveis de proteína com atenção especial a qualidade da mesma. Não podemos deixar de mencionar a importância dos minerais e dos aditivos desta dieta, proporcionando grande impacto tanto na adaptação a esta dieta, quanto na prevenção de problemas sanitários.
O mercado de rações e suplementos voltados ao desmame oferece, hoje em dia, um leque de produtos capazes de proporcionar ótimos desempenhos nesta etapa. Cabe ao produtor entender os fundamentos básicos para escolher a melhor opção de produto na hora da compra do concentrado.
A inclusão de volumoso no momento do desmame também deve ser avaliada. A oferta de fibra durante a “fase de mangueira” favorece a rápida adaptação a dieta de recria proporcionando equilíbrio ao sistema digestivo do terneiro. Da mesma forma que no concentrado, deve-se optar pela oferta de alta proteína na fibra com atenção especial a sua palatabilidade. Neste caso, os fenos de azevém e de aveia podem ser utilizados com sucesso, porém, não podemos deixar de mencionar que nenhum feno supera a concentração de proteína e a palatabilidade da alfafa e sua utilização é potencialmente viabilizada pala valorização do terneiro.
Deve-se também dedicar uma atenção especial ao fornecimento de água. Parece básico dizer que a água deve ser limpa, mas, quando vamos para a prática não é exatamente isto que evidenciamos. Por isto, a limpeza dos bebedouros na fase de mangueira deve ser rotineira, mantendo a água própria, inclusive para o consumo de quem está manejando os animais.
O acesso aos cochos e bebedouros deve ser observado diariamente pelo operador, no sentido de garantir que todos os animais estejam comendo e bebendo adequadamente.
Não podemos deixar também de destacar que a utilização de creep feeding no período pré-desmame favorece de sobremaneira o desempenho no desmame. Este tema por si só daria mais um importante artigo.
Após firmados os conceitos nutricionais voltamos a retomar a atenção sobre o estresse gerado neste manejo e mais especificamente em como mitiga-lo. Por isto, é necessário que prestemos a atenção no conforto e no bem-estar desta terneirada. O local de permanência dos animais deve ser bem drenado e com sombreamento, pois não queremos causar mais um estresse (térmico) além dos intrínsecos ao desmame.
Por último gostaríamos de ressaltar a importância da mão de obra. Quem maneja o desmame deve entender e incumbir-se de minimizar os efeitos do já tão falado estresse. É por isto que a calma durante o manejo diário ajuda a amansar os animais e a fazer com que eles consumam mais.
Esperamos ter ajudado com este artigo sobre desmame, pois sabemos que são muito heterogêneos os nossos sistemas pecuários e por isto, temos convicção da importância da discussão e da revisão cotidiana de temas como este.
Um Grande Abraço a Todos!
Carolina Balbé de Oliveira de Souza
Revista PecuariaSul – 27.02.2021
Siga nossas redes sociais e cadastre-se gratuitamente em nosso site para receber nossos conteúdos!
Venha conosco! Juntos somos mais PecuariaSul!